08 fevereiro 2010

Pare, Escute, Olhe é já esta terça-feira, às 21h30

O interior de Portugal, concretamente e região de Trás‐os‐Montes, voltou a captar a sensibilidade do realizador Jorge Pelicano. Tendo a linha do Tua como fio condutor, entre Bragança e Foz Tua, “Pare, Escute, Olhe” comporta duas realidades: troço desactivado o e o troço activo. No primeiro, o comboio já não circula, os autocarros que vieram substituir os comboios há muito que desapareceram, aldeias sem um único transporte público, isoladas.
No troço activo, o anúncio da construção de uma barragem no Foz Tua, encaixada num património natural e ambiental único, ameaça o que resta da centenária linha. O documentário começa com recuo temporal para ajudar a perceber as causas do despovoamento e as medidas tomadas em torno da questão da via‐férrea do Tua: as promessas políticas, o encerramento da Linha do Tua entre Bragança e Mirandela (1991), o ‘roubo’ das automotoras pela calada da noite (1992), o fim do serviço público dos transportes alternativos. Quinze anos depois, em 2007, no troço desactivo as aldeias estão isoladas e despovoadas. Durante os dois anos de filmagens (2007 a 2009), no troço activo, sucessivos acidentes, o anúncio da barragem, a incúria dos responsáveis na manutenção da linha, marcaram os acontecimentos.
“Pare, Escute, Olhe”, é um documentário interventivo, assume o ângulo do povo para traçar um retrato profundo de Trás‐os‐Montes. Por isso a estória, não tem propriamente um personagem principal, mas vários: utilizadores assíduos do comboio que necessitam do transporte para ir ao médico ou simplesmente comprar um litro de leite, um activista defensor da linha, um escritor transmontano que nos conduz às entranhas do vale do Tua, um ex‐ferroviário que vive numa estação activa, uma autêntico sabedor das notícias da região.
A acção desenrola‐se em Trás‐os‐Montes, Lisboa (centro de decisões do poder central) e Suíça, um bom exemplo de rentabilização e aproveitamento das vias‐férreas para o turismo e serviço às populações. O som ambiente capturado por Filipe Tavares e Joaquim Pinto, dois reconhecidos profissionais da área, transportam‐nos para cada plano, como se estivesse‐mos naquele lugar, naquele momento.
O documentário conta com uma banda sonora original da autoria de Manuel Faria, Frankie Chavez e Francisco Faria.
“Pare, Escute, Olhe”, tal como o próprio título indica, é um convite à reflexão, parar sobre aquela realidade, escutar as pessoas e as suas reivindicações, olhar para as consequências.
(texto retirado do press release)